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Entrevista com Aquiles Prieste baterista do AngrA
O que você fez de novo nos arranjos do novo cd?Eu não fico muito preocupado com isso quando estou arranjando um novo trabalho. Minha maior preocupação é se a música está sendo bem servida com os meus arranjos. A inovação é uma conseqüência disso.
Como foram os testes com os pratos Paiste, ao ponto de não rachar com seu jeito de tocar ???Acho que o mais importante é usar um prato que seja ideal para o estilo de música que você toca. No meu caso, eu sempre procuro pelos pratos mais pesados.
Que tipo de ostinato você está mandando no refrão de Inside Your Soul? "we can live inside your soul"...Estou tocando uma levada em 6X8 acentuando no contra tempo o ride na primeira parte e utilizando um rudimento chamado “five stroke roll” na segunda parte.
Como é ser o primeiro brasileiro a participar do Drummer Live 2006? E conte-nos um pouco sobre esse evento!!!Como estou respondendo essa pergunta com um certo atraso, acho que vocês podem conferir o review completo no meu blog oficial...
www.aquilespolvopriester.zip.netUma coisa que eu sempre tive curiosidade em saber é como rola esse lance de patrocínios (no seu caso)? E se isso aconteceu antes ou após sua entrada no Angra?Eu costumo falar que o patrocínio só acontece quando o acordo é melhor para a empresa. Tenho alguns patrocínios que vieram antes do Angra, mas a maioria aconteceu depois que eu já havia gravado o Rebirth.
Em fevereiro de 2006 o site Whiplash publicou na coluna "Rock Faz Bem" um artigo sobre a atual condição na qual se encontram os dois maiores ícones do metal nacional, Angra e Sepultura. Estão bem claras as seguintes palavras:"Já passou da hora do ego ser deixado de lado no Angra. Já passou da hora de a música voltar a vir em primeiro lugar, ao invés dos cabelos repletos de luzes e escovas emoldurando poses de garotos maus, cheios de uma suposta atitude."Até que ponto os fãs devem acreditar nesses boatos que vem crescendo? O que, de fato, fez com que surgisse esse tipo de coisa?Até hoje ainda não entendi porque esse cidadão escreveu isso. Não vejo o Angra como uma banda que se preocupa com esse tipo de coisa. Tenho certeza que uma banda que está na ativa por 15 anos e que há seis está restabelecida com três novos integrantes, oferece muito mais que cabelos bem tratados para seus fãs... Para falar a verdade, ninguém na banda tem cabelo tão bonito assim...
Estava a pensar e perguntei-me, se será por teres raízes Sul africanas que tens tanta intimidade com os instrumentos de percussão? O que fez com que escolhesses a arte da bateria?Não tenho uma explicação para isso. Desde muito pequeno tenho uma grande fascinação pelo instrumento e isso fica cada vez maior. Acho que a raiz africana não tem muito a ver não, pois sou filho de brasileiros, somente nasci na África.
Gostaria de saber, na opinião do Aquiles, o que é tocar bateria?No que ele pensa quando senta no Banquinho e começa a tocar bateria?Bateria para mim é superação. Cada vez que toco, quero tocar melhor, quero melhorar a meu desempenho e ainda conseguir dentro da minha visão trazer algo novo para os meus arranjos.
Porque pararam de haver solos de bateria durante os shows do Angra? Ouvi dizer por aí que é porque vocês foram orientados que nenhum integrante pode se sobressair aos outros em nenhum momento. Como eu acho que isso é muito babaca e prefiro não acreditar nesse boato, gostaria de saber sua versão dos fatos.Na verdade foi exatamente isso. Mas de qualquer forma o público ganhou de outra forma, pois agora estamos tocando mais músicas e tenho certeza que não é todo mundo que gosta de solos de bateria nos shows, certo?
Sobre o Hangar, vocês estão gravando um CD, certo? Como foram as gravações da batera? Quais as principais diferenças no som que você tira no Angra e no Hangar? Como você consegue levar as apresentações com o Hangar se o Angra é sua prioridade?As gravações foram muito legais, mas tive muito mais trabalho por ter gravado minhas sessões em ADAT. Dessa forma, tive que aproveitar os melhores takes e tenho certeza que essa perfomance estará bem explícita no CD. Nas baterias do Hangar eu tenho mais agressividade porque a música da banda é mais direta e pede isso. Estamos planejando lançar esse novo disco em março e assim que a agenda do Angra permitir, faremos shows para divulgar o novo trabalho.
Aquiles, Qual foi o processo usado na hora da fabricação do kit que leva o seu nome? Você acompanhou a produção na fabrica, escolheu qual madeira seria usada, medidas, ferragens etc...???De certa forma, foi muito melhor do que eu poderia imaginar. Deram-me algumas opções de madeira e acabamentos para eu testar e definir a configuração do meu Kit Signature. Pelo fato de ser a primeira vez que um baterista brasileiro tem um modelo com o seu nome com uma empresa multinacional, eu mantive meus pés no chão e fiz questão de tentar viabilizar o negócio dentro das condições que o mercado oferecia. A minha única preocupação era o preço final e a qualidade do produto. Eu queria que os bateristas que curtem Heavy Metal tivessem a chance de ter um kit decente sem pagar fortunas por isso.
Acho que ninguém te pergunta sobre sua vida pessoal. Queria saber se você se sente um cara realizado na sua vida sem ser no sucesso?Sou uma pessoa extremamente feliz e realizada em todos os aspectos. Agradeço muito a Deus por ele me dar todo talento, saúde e perseverança que sempre tive.
Você chegou a jogar futebol profissionalmente antes de se tornar o baterista excepcional que é atualmente. Com toda essa loucura, ainda sobra tempo pra jogar uma bolinha de vez em quando ou abandonou o futebol desde aqueles tempos?Sempre que posso jogo futebol, pois além de ainda gostar muito, é uma excelente forma de manter minhas condições físicas.
No Workshop desse último dia 6 de julho em Curitiba, você deu demonstrações de ser muito apegado à sua família. Como conciliar shows, turnês e gravações com tudo isso? Em outras palavras, como você difere sua vida pessoal da sua vida profissional?Procuro viver intensamente todos os momentos da minha vida. Mesmo que for apenas passear com meu cachorro ou levar minha filha à escola, faço isso como se fosse à coisa mais importante do mundo e tenho certeza que para aquele momento, realmente é! Na minha vida esse é meu grande segredo, viver intensamente e fazer bem tudo que faço.
Gostaria de saber o que você acha dos novos bateristas que estão aparecendo e que começaram a tocar graças a você?Já que eu sou um deles quero saber. E também gostaria de saber se você já teve vontade de tocar outros instrumentos ou mesmo ser vocalista?Tenho vontade de tocar violino... Acho que o fato de ser completamente oposto à agressividade que preciso para tocar bateria, isso me atrai muito. Nunca pensei em tocar outro instrumento numa banda, pois acho que a bateria combina muito comigo.
Existe algum projeto de lançamento de video-aula ou workshow em DVD?Vamos começar a campanha... Temple of Drums!!! Queremos o Temple of Shadows na íntegra!O Temple of Shadows acho meio complicado por causa dos direitos autorais, mas com certeza até o final dessa tour vou gravar um novo DVD e dessa vez será bem didático ao contrário do Inside my Drums, que é mais performático. No começo do próximo ano vou lançar um método sobre levadas de dois bumbos que virá com um CD exemplificando minhas idéias.
Quais os sons que tem rolado ultimamente com mais freqüência em seu cd player?No meu site tem uma lista gigante dos meus cds preferidos, mas ultimamente tenho escutado muito o novo do Strapping Young Lad, o Aurora Consurgens e o novo disco do Hangar que está sendo produzido e está muito animal. Nesse disco eu rompi todas as minhas barreiras e fui muito além dos meus limites...
Aquiles No temple of shadows você utilizou algumas claves de música latina só que para deixar algo mais metal transportou-as para o bumbo, veremos você utilizar ritmos exóticos nesse novo cd ou será algo mais reto e menos experimental?No Aurora, tem uma música que a clave está na caixa... Agora se está mais exótico ou não, eu não sei. Acho que cada um vai interpretar de uma maneira, mas vocês podem ter certeza que fiz o melhor que pude.
Vemos que não é de hoje em que esse mundo competitivo nos coloca certo medo... Eu imagino que você veja a música de uma forma globalizada, em algum momento desde quando você começou a tocar bateria você já se deixou paralisar pela sua auto-crítica?Em algum momento você teve dúvidas em relação ao seu rendimento e achou que não estava conseguindo mais render?Tenho uma preocupação muito grande com o meu desempenho e também com a minha imagem perante os fãs. De alguma forma, eu quero mostrar para eles que sou uma pessoa real que tem defeitos e às vezes os mesmos problemas que qualquer um e pode ter. Não existe a menor maneira de uma pessoa que pratica diariamente qualquer tipo de atividade estagnar tecnicamente. Acho que pode faltar inspiração, mas nesse caso essa falta pode estar ligada a outras coisas...
Você imaginava que seu sonho poderia crescer nessa dimensão absurda? O que você faz pra manter sempre seus pensamentos focados em seus objetivos, não se preocupando assim em queimar as etapas de uma carreira?Sinceramente não imaginava que isso poderia acontecer algum dia. Sempre fui muito metódico com todas as minhas coisas e de certa forma essa melhoria contínua faz parte da minha personalidade.
Gostaria de saber que depois de todos esses anos de estudo e prática que você tem, se ainda tem dificuldade em realizar alguma técnica considerada básica, depois de um tempo sem tocar?Tenho muitas dificuldades, pois o universo musical é imenso. Basta eu tentar tocar alguma coisa que eu não toque há muito tempo. A técnica é muito difícil de conquistar, mas muito mais difícil de manter.
Como você trabalha sua coordenação e independência?Procurando sempre tocar novos padrões com novas marcações para os pés.
Na sua opinião qual o futuro da bateria no Brasil? É possível indicar algum músico que possa assegurar esse futuro, uma vez que hoje em dia o que predomina é velocidade e não atitude?Acho que o predomina é o bom senso. Em qualquer estilo de música temos que respeitar as composições, pois precisamos sempre estar atento a tudo que rola em torno da música. Acho solos de baterias muito legais, mas para mim o principal é o groove perfeito... Afinal é isso que move os estilos musicais... O futuro está aí para ser conquistado e tenho certeza que as pessoas que trabalharem para isso, terão êxito.