Saturday, December 30, 2006

Retrospectiva 2006 feita por Aquiles



"De alguma forma, nesta época do ano, eu sempre faço um balanço de tudo o que aconteceu comigo e, definitivamente, esse ano foi muito especial por vários motivos, que vocês poderão conferir abaixo.

Tive experiências que jamais tive na minha vida e sensações que, por mais que eu tente, não conseguirei nunca explicar ou descrever. Quero agradecer a todos vocês por terem visitado meu site, meu fórum e meu blog APP e reafirmar que vocês são a força motriz para todas as coisas que ainda quero realizar na minha vida.

Quero agradecer de forma muito especial a todos os membros do meu Fan Club e dizer que quero estar cada vez mais próximo de vocês.

Agora um agradecimento mega-ultra-especial a todas as pessoas que enviaram para mim uma mensagem de Natal para o Blog APP. Eu poderia tentar nomear algumas pessoas, mas isso não seria justo. Acho que só o ato de ter enviado uma mensagem já é uma ação de inexplicável bondade. Imaginem como me sinto ao ler isso tudo... É muita bondade e generosidade canalizada para uma única pessoa. Espero que algum dia eu consiga retribuir isso a cada um de vocês. Cada palavra, cada frase... O simples contato com cada um de vocês já é uma experiência incrível.

Desejo a todos vocês um ano novo cheio de Paz, Tranqüilidade, Trabalho, Honestidade, Realizações e MUITO AMOR!!!

'Onde há uma vontade, há um caminho.'

Retrospectiva do Ano

Janeiro 2006
- A Mapex confirma minha participação no Festival Drummer Live em Londres.

Fevereiro 2006
- Minha primeira turnê de workshops fora do País, foram cinco apresentações passando por Colômbia, Portugal e Espanha. Em Bogotá, na Colômbia, me apresentei para quase 1200 pessoas... Recorde absoluto dos meus workshops até hoje.

Março 2006
- Minha primeira turnê de workshops pelo Nordeste com toda a infra-estrutura que costumo utilizar na maioria dos meus workshops. Foram sete datas em treze dias, rodamos mais de 8500 km ficando na estrada (algumas vezes) por quase 20 horas para cumprir nossa agenda. Em todas as cidades, obtivemos grande êxito nos workshops.

Abril 2006
- Nova tour internacional de workshops com três datas no Chile e uma no Peru.

Maio 2006
- O Angra começa a trabalhar intensivamente o disco Aurora Consurgens.

Junho 2006
- Angra se apresenta no Festival Italiano Gods of Metal ao lado de G’N’R, Def Leppard, Whitesnake, Gamma Ray, Helloween e etc.
- Em seguida partimos todos para a Alemanha para a gravação das baterias do novo disco do Angra.
- É o mês do meu aniversário e feita uma belíssima homenagem para mim no meu Blog APP, que reuniu diversos comentários de amigos de diferentes estágios da minha vida.

Julho 2006
- É lançado em toda América do Sul o Kit Signature Aquiles Priester pela Mapex. Pela primeira vez na história da música no Brasil um baterista brasileiro tem um kit signature lançado por uma empresa Mundial.

Agosto 2006
- Nova tour de workshops com sete datas passando pelo sul do país e também pelo Rio de Janeiro.
- A distribuidora da Mapex no Brasil bate recorde de vendas da marca no país.
- É lançado o primeiro disco do Freakeys mostrando uma nova abordagem musical completamente diferente de tudo que já lancei com o Angra e Hangar.
- Gravação das baterias do novo disco do Hangar.

Setembro 2006
- Minha matéria de capa da revista Modern Drummer com ênfase no novo disco do Freakeys é recorde de vendas.
- Expomusic em São Paulo, sucesso total em todas as apresentações do Freakeys e apresentação do novo vocalista do Hangar, Nando Fernandes.
- Minha participação no Festival da Revista Batera no EM&T em São Paulo foi o recorde de público do Festival.
- Drummer Live em Londres, realização total de um sonho de vida ao tocar e conhecer pessoalmente o Nicko McBrain. A cobertura desse festival foi publicada na revista Modern Drummer brasileira no mês seguinte.

Outubro 2006
- Aurora Consurgens é lançado e novamente o Angra inicia uma grande Turnê Mundial e participa do Festival Loud Park no Japão ao lado de bandas como Slayer, Megadeth, Anthrax, Dio e etc.
- Recebi e comecei a utilizar o novo kit Orion Series da Mapex na turnê brasileira do Angra.

Novembro 2006
- Angra confirma uma turnê pelo Japão em fevereiro 2007, junto com o Blind Guardian.

Dezembro 2006
- A Mapex e a Paiste confirmam meus primeiros workshops no Japão e China durante a passagem do Angra pela Ásia em fevereiro de 2007.
- Mensagem especial de Natal no Blog APP."

Friday, December 22, 2006

Entrevista Aquiles Priester


Entrevista com Aquiles Prieste baterista do AngrA

O que você fez de novo nos arranjos do novo cd?
Eu não fico muito preocupado com isso quando estou arranjando um novo trabalho. Minha maior preocupação é se a música está sendo bem servida com os meus arranjos. A inovação é uma conseqüência disso.

Como foram os testes com os pratos Paiste, ao ponto de não rachar com seu jeito de tocar ???
Acho que o mais importante é usar um prato que seja ideal para o estilo de música que você toca. No meu caso, eu sempre procuro pelos pratos mais pesados.

Que tipo de ostinato você está mandando no refrão de Inside Your Soul? "we can live inside your soul"...
Estou tocando uma levada em 6X8 acentuando no contra tempo o ride na primeira parte e utilizando um rudimento chamado “five stroke roll” na segunda parte.

Como é ser o primeiro brasileiro a participar do Drummer Live 2006? E conte-nos um pouco sobre esse evento!!!
Como estou respondendo essa pergunta com um certo atraso, acho que vocês podem conferir o review completo no meu blog oficial... www.aquilespolvopriester.zip.net

Uma coisa que eu sempre tive curiosidade em saber é como rola esse lance de patrocínios (no seu caso)? E se isso aconteceu antes ou após sua entrada no Angra?
Eu costumo falar que o patrocínio só acontece quando o acordo é melhor para a empresa. Tenho alguns patrocínios que vieram antes do Angra, mas a maioria aconteceu depois que eu já havia gravado o Rebirth.

Em fevereiro de 2006 o site Whiplash publicou na coluna "Rock Faz Bem" um artigo sobre a atual condição na qual se encontram os dois maiores ícones do metal nacional, Angra e Sepultura. Estão bem claras as seguintes palavras:
"Já passou da hora do ego ser deixado de lado no Angra. Já passou da hora de a música voltar a vir em primeiro lugar, ao invés dos cabelos repletos de luzes e escovas emoldurando poses de garotos maus, cheios de uma suposta atitude."
Até que ponto os fãs devem acreditar nesses boatos que vem crescendo? O que, de fato, fez com que surgisse esse tipo de coisa?
Até hoje ainda não entendi porque esse cidadão escreveu isso. Não vejo o Angra como uma banda que se preocupa com esse tipo de coisa. Tenho certeza que uma banda que está na ativa por 15 anos e que há seis está restabelecida com três novos integrantes, oferece muito mais que cabelos bem tratados para seus fãs... Para falar a verdade, ninguém na banda tem cabelo tão bonito assim...

Estava a pensar e perguntei-me, se será por teres raízes Sul africanas que tens tanta intimidade com os instrumentos de percussão? O que fez com que escolhesses a arte da bateria?
Não tenho uma explicação para isso. Desde muito pequeno tenho uma grande fascinação pelo instrumento e isso fica cada vez maior. Acho que a raiz africana não tem muito a ver não, pois sou filho de brasileiros, somente nasci na África.

Gostaria de saber, na opinião do Aquiles, o que é tocar bateria?No que ele pensa quando senta no Banquinho e começa a tocar bateria?
Bateria para mim é superação. Cada vez que toco, quero tocar melhor, quero melhorar a meu desempenho e ainda conseguir dentro da minha visão trazer algo novo para os meus arranjos.

Porque pararam de haver solos de bateria durante os shows do Angra? Ouvi dizer por aí que é porque vocês foram orientados que nenhum integrante pode se sobressair aos outros em nenhum momento. Como eu acho que isso é muito babaca e prefiro não acreditar nesse boato, gostaria de saber sua versão dos fatos.
Na verdade foi exatamente isso. Mas de qualquer forma o público ganhou de outra forma, pois agora estamos tocando mais músicas e tenho certeza que não é todo mundo que gosta de solos de bateria nos shows, certo?

Sobre o Hangar, vocês estão gravando um CD, certo? Como foram as gravações da batera? Quais as principais diferenças no som que você tira no Angra e no Hangar? Como você consegue levar as apresentações com o Hangar se o Angra é sua prioridade?
As gravações foram muito legais, mas tive muito mais trabalho por ter gravado minhas sessões em ADAT. Dessa forma, tive que aproveitar os melhores takes e tenho certeza que essa perfomance estará bem explícita no CD. Nas baterias do Hangar eu tenho mais agressividade porque a música da banda é mais direta e pede isso. Estamos planejando lançar esse novo disco em março e assim que a agenda do Angra permitir, faremos shows para divulgar o novo trabalho.

Aquiles, Qual foi o processo usado na hora da fabricação do kit que leva o seu nome? Você acompanhou a produção na fabrica, escolheu qual madeira seria usada, medidas, ferragens etc...???
De certa forma, foi muito melhor do que eu poderia imaginar. Deram-me algumas opções de madeira e acabamentos para eu testar e definir a configuração do meu Kit Signature. Pelo fato de ser a primeira vez que um baterista brasileiro tem um modelo com o seu nome com uma empresa multinacional, eu mantive meus pés no chão e fiz questão de tentar viabilizar o negócio dentro das condições que o mercado oferecia. A minha única preocupação era o preço final e a qualidade do produto. Eu queria que os bateristas que curtem Heavy Metal tivessem a chance de ter um kit decente sem pagar fortunas por isso.

Acho que ninguém te pergunta sobre sua vida pessoal. Queria saber se você se sente um cara realizado na sua vida sem ser no sucesso?
Sou uma pessoa extremamente feliz e realizada em todos os aspectos. Agradeço muito a Deus por ele me dar todo talento, saúde e perseverança que sempre tive.

Você chegou a jogar futebol profissionalmente antes de se tornar o baterista excepcional que é atualmente. Com toda essa loucura, ainda sobra tempo pra jogar uma bolinha de vez em quando ou abandonou o futebol desde aqueles tempos?
Sempre que posso jogo futebol, pois além de ainda gostar muito, é uma excelente forma de manter minhas condições físicas.

No Workshop desse último dia 6 de julho em Curitiba, você deu demonstrações de ser muito apegado à sua família. Como conciliar shows, turnês e gravações com tudo isso? Em outras palavras, como você difere sua vida pessoal da sua vida profissional?
Procuro viver intensamente todos os momentos da minha vida. Mesmo que for apenas passear com meu cachorro ou levar minha filha à escola, faço isso como se fosse à coisa mais importante do mundo e tenho certeza que para aquele momento, realmente é! Na minha vida esse é meu grande segredo, viver intensamente e fazer bem tudo que faço.

Gostaria de saber o que você acha dos novos bateristas que estão aparecendo e que começaram a tocar graças a você?Já que eu sou um deles quero saber. E também gostaria de saber se você já teve vontade de tocar outros instrumentos ou mesmo ser vocalista?
Tenho vontade de tocar violino... Acho que o fato de ser completamente oposto à agressividade que preciso para tocar bateria, isso me atrai muito. Nunca pensei em tocar outro instrumento numa banda, pois acho que a bateria combina muito comigo.

Existe algum projeto de lançamento de video-aula ou workshow em DVD?Vamos começar a campanha... Temple of Drums!!! Queremos o Temple of Shadows na íntegra!
O Temple of Shadows acho meio complicado por causa dos direitos autorais, mas com certeza até o final dessa tour vou gravar um novo DVD e dessa vez será bem didático ao contrário do Inside my Drums, que é mais performático. No começo do próximo ano vou lançar um método sobre levadas de dois bumbos que virá com um CD exemplificando minhas idéias.

Quais os sons que tem rolado ultimamente com mais freqüência em seu cd player?
No meu site tem uma lista gigante dos meus cds preferidos, mas ultimamente tenho escutado muito o novo do Strapping Young Lad, o Aurora Consurgens e o novo disco do Hangar que está sendo produzido e está muito animal. Nesse disco eu rompi todas as minhas barreiras e fui muito além dos meus limites...

Aquiles No temple of shadows você utilizou algumas claves de música latina só que para deixar algo mais metal transportou-as para o bumbo, veremos você utilizar ritmos exóticos nesse novo cd ou será algo mais reto e menos experimental?
No Aurora, tem uma música que a clave está na caixa... Agora se está mais exótico ou não, eu não sei. Acho que cada um vai interpretar de uma maneira, mas vocês podem ter certeza que fiz o melhor que pude.

Vemos que não é de hoje em que esse mundo competitivo nos coloca certo medo... Eu imagino que você veja a música de uma forma globalizada, em algum momento desde quando você começou a tocar bateria você já se deixou paralisar pela sua auto-crítica?Em algum momento você teve dúvidas em relação ao seu rendimento e achou que não estava conseguindo mais render?
Tenho uma preocupação muito grande com o meu desempenho e também com a minha imagem perante os fãs. De alguma forma, eu quero mostrar para eles que sou uma pessoa real que tem defeitos e às vezes os mesmos problemas que qualquer um e pode ter. Não existe a menor maneira de uma pessoa que pratica diariamente qualquer tipo de atividade estagnar tecnicamente. Acho que pode faltar inspiração, mas nesse caso essa falta pode estar ligada a outras coisas...

Você imaginava que seu sonho poderia crescer nessa dimensão absurda? O que você faz pra manter sempre seus pensamentos focados em seus objetivos, não se preocupando assim em queimar as etapas de uma carreira?
Sinceramente não imaginava que isso poderia acontecer algum dia. Sempre fui muito metódico com todas as minhas coisas e de certa forma essa melhoria contínua faz parte da minha personalidade.

Gostaria de saber que depois de todos esses anos de estudo e prática que você tem, se ainda tem dificuldade em realizar alguma técnica considerada básica, depois de um tempo sem tocar?
Tenho muitas dificuldades, pois o universo musical é imenso. Basta eu tentar tocar alguma coisa que eu não toque há muito tempo. A técnica é muito difícil de conquistar, mas muito mais difícil de manter.

Como você trabalha sua coordenação e independência?
Procurando sempre tocar novos padrões com novas marcações para os pés.

Na sua opinião qual o futuro da bateria no Brasil? É possível indicar algum músico que possa assegurar esse futuro, uma vez que hoje em dia o que predomina é velocidade e não atitude?
Acho que o predomina é o bom senso. Em qualquer estilo de música temos que respeitar as composições, pois precisamos sempre estar atento a tudo que rola em torno da música. Acho solos de baterias muito legais, mas para mim o principal é o groove perfeito... Afinal é isso que move os estilos musicais... O futuro está aí para ser conquistado e tenho certeza que as pessoas que trabalharem para isso, terão êxito.

Kiko Loureiro é Capa da Cover Guitarra


Então, vamos usar de sinceridade um com o outro? Com exceção dos fãs do Angra - que idolatram a banda de modo incondicional -, você seria capaz de apostar que um cara como KIKO LOUREIRO bem estabelecido como um dos grandes guitarristas do Brasil, famoso (aqui, na Europa e no Japão), boa-pinta (o cara faz sucesso com a mulherada) e integrante de uma banda com sólida carreira, poderia apresentar uma certa inquietude na alma e uma ponta de insatisfação musical que o impelisse a abraçar uma jornada surpreendente?

Talvez se toda esta situação fosse o atual cenário da sua vida, você sentisse a livre brisa da acomodação, aquele mesmo vento suave e traiçoeiro que faz com que muito rockstar competente empurre a sua carreira com a barriga gorda da auto-indulgência. Minha própria impressão a respeito dos rumos musicais do Angra - e conseqüentemente do próprio Kiko - trazia uma imagem um bocado desanimada. Por isso, a primeira reação que qualquer pessoa teve,tem e terá ao ouvir o que Kiko andou tramando nos últimos meses - tanto em parceria com seus companheiros de Angra quanto com seus cúmplices em sua nova empreitada-solo - foi, é e será de uma inevitável surpresa.Uma audição atenta do novo disco do Angra, Aurora Consurgens, detecta uma inequívoca e, por vezes, intempestiva autocrítica em relação ao som que o grupo vinha fazendo até então. Mas a coisa adquire ares de incredulidade durante a audição do mais recente trabalho-solo de Kiko, Universo Inverso.

Não vou me estender sobre isso porque Nicolas Brandão mostra o que realmente acontece em cada um destes discos (vide box nesta matéria). O que me interessa aqui é o Kiko que ninguém conhece. O Kiko livre das respostas-padrão que toda revista de heavy metal gosta de publicar e que todo leitor ‘bronco’ gosta de ler. O Kiko livre para abrir a sua alma e se mostrar por inteiro, com todas as suas dualidades, com todas as imagens de seu próprio espelho espiritual.

Aliás, o conceito de “universo inverso” é tão contagiante, tão saboroso, que até mesmo as maravilhosas fotos que ilustram esta edição oferecem uma “inversão” em relação àquilo que eu e Kiko conversamos, sentados um de frente para o outro, numa tarde nublada regada a café e água. Se as fotos mostram Kiko como jamais alguém mostrou, o papo que você vai ler a seguir o apresentará não ao “guitarrista Kiko Loureiro”, mas a alguém com questões artísticas muito mais sérias do que o heavy metal precisa…

Em Universo Inverso, a impressão que dá é que não é o Kiko que todo mundo conhece que está tocando ali, mas um ‘outro’ guitarrista. Isto foi o resultado de um anseio em marcar uma divisão clara e definida em sua personalidade musical?
Você não pode categorizar tanto a música. Não é uma ‘mudança’ - até tento evitar essa palavra -, mas é algo que sempre esteve comigo. O título mesmo diz que é um outro universo, um outro lado, um outro universo musical em que eu vivo também. Existe o universo musical heavy metal, com bandas cujos integrantes usam botas de matar pintinhos (risos), jaqueta de couro, braceletes... Acabei de voltar da Europa e dei muitas entrevistas para esse mercado, que é ainda muito intenso naquele continente. O próprio jornalista já chega todo paramentado, como se estivesse prestes a subir no palco...

Como é que é?
É isso mesmo! E o cara ainda veio perguntando sobre as coisas mais heavy metal do disco... Na Alemanha, qualquer ‘viagem’ mais brasileira que rola em nossas músicas é considerada como algo desnecessário. O que eles querem é peso, o tempo inteiro. Voltando à sua pergunta, este é um universo que vivencio bem de perto...

Aqueles festivais de heavy metal ao ar livre, com todo mundo enchendo a cara de cerveja...
Com todas aquelas bandas com quem dividimos tour bus, com integrantes que já acordam de bota (risos). Parece brincadeira, o cara já acorda com as calças de couro, tomando café vestido desse jeito, um troço meio circense. Só que isso é uma realidade para eles, os caras vivem isso.

Quer dizer então que Universo Inverso não retrata uma mudança...
Não, de jeito nenhum! Sempre tive isso comigo, são as pitadas daquilo que eu já gostava de colocar nos trabalhos antigos do Angra. Mesmo as músicas mais pesadas surgem no piano. Se você tirar toda aquela roupagem pesada, tocar as músicas em um violãozinho, vai perceber que tem coisas da música brasileira, algo que já está na gente. Você mesmo pode até querer negar, mas se você fosse tocar qualquer coisa, provavelmente teria alguma coisa da sonoridade brasileira no resultado final, porque isso é uma coisa inerente.Quando você pára na frente do mar e tudo aquilo te relaxa porque lembra o ambiente na barriga da sua mãe, a mesma coisa acontece com a música, existe um ‘som brasileiro’ em você que tem a ver com sua vivência. Mesmo o jeito como você se veste, seu comportamento... No Japão ninguém se veste assim! (risos)

Não dá para esconder nossas raízes...
Você pode até acrescentar uma estética heavy metal, mas ainda assim haverá uma mistura de sonoridades. A tristeza presente nas músicas latinas em geral, mesmo em tonalidades maiores, é inevitável. O próprio choro, como diz o nome, ou o samba-enredo, que mesmo com aquela puta alegria, sempre cai para um modo menor... Harmonicamente, é necessário experimentar isso, porque a harmonia do rock é muito simples, o negócio é descer a mão, ter energia, fazer uns riffs pesados, uns solos técnicos. Agora, a coisa da ‘harmona’, de fazer um acorde torto, isso é outra história...

Em Universo Inverso, este seria o papel do pianista cubano Yaniel Matos: fazendo ‘camas harmônicas’ que vão além do rock.
Sim. As harmonias que ele fez traçaram um caminho para a evolução da música. Você pode escolher entre misturar estilos ou seguir plenamente o caminho evolutivo da harmonia, mas o rock simplifica o princípio harmônico.