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Já estou em Nancy para fazer o primeiro show da tour européia.A cidade é bem pequena e simpatico. Acordei no maior frio as 6:00 da manhã e ainda estava escuro.
Peguei uma revista de Sudoko que a minha mãe me deu e coloquei um Peter Gabriel e Pat Metheny no IPod e o tempo passou depressa.
8:00 am e logo levantam uns e outros que começam a acordar. Será que há café por aqui? A pergunta, ainda silenciosa, querendo despertar nos rostos assonados. O Fabio Laguna, grande madrugador, que sai pra fazer cooper todos os dias (até nos dias de neve), toma coragem e sai descalço e de camiseta para sondar a redondeza. Volta correndo, tremendo com a friaca e esquece o código que abre as portas do ônibus. Eu e o Marquinhos Limone nos divertimos por um breve instante, observando sádicamente seu desespero, até que decidimos abrir a porta por dentro.
E aí, achou café? Não, tudo fechado.Como se o frio não existisse, bota seu tennis e sai para sua corrida matinal nos míseros três graus que faziam lá fora.
9:00. Me cansei de ficar ali dentro e fui dar uma olhada nas ruelas bem típicas do interior da França. Que frio desgraçado! Mas a cena era bonita. O sol nascendo, o ônibus vermelho sangue embalando o sono da maioria, as janelas das casas começando a se abrir e as portas da casa de show Paulete ainda fechadas.
A casa de show se abre para colocar o equipamento, Marquinhos é o primeiro. Começa a descer os cases de batera, levar para perto do portão, para dentro da casa, tira as peças dos cases, limpara o que está sujo, ajeita os pedestais. Que ânimo!
Entro para conhecer o local e um velhinha muito simpático sai de uma portinha desejando bom dia e boas vindas aos que lá estavam. Bon jour! Bienvenue mous amis! Je suis Paulete!A senhora nos contou que tem 83 anos, que possui esta casa de show a mais de sessenta, que lá toca rock a 45 anos e que antes disto o marido dela tocava sanfona lá, mas que perceberam que aquela estória de sanfona não estava com nada. Em poucos minutos ela desenrolou alguns de seus papiros cheios de estórias. Senti uma excelente vibração. Seu marido Ivy, já estava montando o palco, pendurando luzes, subindo escadas, carregando caixas etc. Ele deveria ter uns 60 anos e apresentava bastante saúde e disposição as 9:30 da manhã. Invejável!
Troco uma idéia com o Gus G., guitarrista do firewind. Gente finíssima o cara. Com o Felipe e o Edu saio a procura de uma café, já está mais do que na hora.Entramos numa padaria bem pequeninhina onde o Aquiles e o André Delamanha já se socializam com os velhinhos Franceses. Só tem velhinho nesta cidade?
O Edu desenvolve uma teoria de que na verdade estamos dentro de um filme de terror e que logo algo assustador mudará o curso da estória. Começamos a desenvolver os detalhes do roteiro até que a luz da padaria se apaga. Que medo! Ouvimos os passos lentos da dona do local que calmamente alcança a caixa de luz e reinicia as chaves... Bizarro!
Voltamos pela ruazinha contrastando nossas jaquetas de couro e cabelões com as sacadas floridas de casas muito antigas e pessoas idosas com seus passos lentos mas vitoriosos.Já acordou o pessoal do Firewind e do Power Quest que são as bandas que vão nos acompanhar nesta turnê abrindo nossos shows e nos apresentamos e conversamos amenidades.
Foi uma bela manhã de sol.
Agora são quase 13:00 e na casa que vamos tocar não há internet nem chuveiro. Estamos no “middle of nowhere”. Vamos alugar um quarto de hotel para todos tomarem banho. Se der, gostaria de ser um dos primeiros a usar o chuveiro porque não sou muito fã de sabonete com pentelhos e chão enlamaçado. Estou escrevendo enquanto ouço Almir Sater no fone. Gosto muito de sertanejo de raiz e modas de viola.